a madrugada

estranha
electrostática
enevoada
electricidade
e chuva fria
explosiva
e bebia as gotas
elevada
elementar redonda lua cheia
enegrecida
envolta
e não estou em minha casa
já nunca estou em minha casa
é como viajar e desejar o regresso
é como estar e não estar
ser tudo e nada.
invejo as mulheres que te tiveram
as horas que dormes sem mim
a serenidade
estável
e o sol do entardecer
estrelas desfocadas e tristes
e nuvens negras
chovendo lágrimas terrosas
esculpindo crateras, ravinas
enobrecida terra fecunda
estilizado horizonte
enxofre e cobalto
e vejo longe, luz, luar
estrada infinda
escura
escudada de monstros
e gente atrás das paredes
embriagada, inerte
espreguiçada
espreita a janela
e sigo caminho
enovelada
emaranhada
esquecida
enregelada
escuto inerte e triste
a madrugada